1. Em sua opinião, o que é tentação? Devemos considerar as tentações como pecado?
2. Você esperava que as tentações cessassem após sua conversão? Em que circunstâncias você se
percebe tentado?
INTRODUÇÃO
Quando ouvimos a palavra tentação, dois episódios bíblicos podem vir à nossa mente. O primeiro é a tentação e queda do homem, registrado em Gn 3.1-24. Nessa história, o diabo (serpente) tenta Eva, oferecendolhe a possibilidade de ter os olhos abertos e, como Deus, conhecer o bem e o mal. Eva cede à tentação, desobedecendo a uma ordem clara de Deus. Ela come do fruto da árvore proibida e o dá a seu marido, o qual também come. De fato, seus olhos são abertos e passam a conhecer o bem e o mal. Entretanto, também passam a experimentar em suas vidas a corrupção e a morte (ver Gn 2.17, “certamente morrerás”, com Rm 6.23).
O segundo episódio é a tentação de Jesus, registrada em Mt 4.1-11, Mc 1.12,13 e Lc 4.1-13. Nessa história, o diabo também é um dos personagens, atuando mais uma vez como tentador. Entretanto, ela tem um final diferente. Jesus não cede à tentação do inimigo, mas resiste-lhe através da Palavra de Deus.
Duas narrativas sobre tentação. Dois desfechos distintos. Adão e Eva foram derrotados. Jesus de Nazaré
triunfou. Por causa da derrota dos primeiros, toda a história humana está marcada pelo pecado. Por causa
do triunfo do último, a possibilidade da vitória sobre a tentação e de uma vida livre da corrupção e da morte
é disponibilizada. O que podemos, então, aprender sobre tentação e sobre como vencê-la através do triunfo
de Jesus? É sobre isso que compartilharemos na célula de hoje.
DESENVOLVIMENTO DO ENSINO
Texto-base: Mt 4.1-11
Após ter sido batizado por João Batista, Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo ao lugar da tentação, ao
encontro do tentador. Antes de ser tentado, passou quarenta dias e quarenta noites no deserto, em jejum,
ao final dos quais teve fome. Esses fatos podem levantar uma pergunta: qual era a situação de Jesus (como
ele se encontrava) quando foi tentado pelo diabo? Observando o texto, seu contexto literário imediato e
versículos paralelos (Lc 4.1-13), pode-se apontar o seguinte:
1. Jesus estava cheio do Espírito Santo (Mt 3.16; Lc 4.1);
2. Tinha recebido do Pai uma palavra de aceitação e afirmação de sua identidade (Mt 3.17);
3. Estava cansado, com fome e fraco (Mt 4.1,2);
4. Estava em um período de intensa consagração e busca do Pai (Mt 4.2).
Analisando esses pontos, podemos concluir que Jesus estava muito bem por um lado e que, por outro,
apresentava algumas debilidades. Ao tentá-lo, o diabo aproveitou-se dessa situação em que ele se
encontrava.
Na primeira tentação, Satanás coloca em dúvida a filiação divina de Jesus, desafiando-o a realizar um
milagre que satisfaria a sua necessidade de comida e atestaria ser ele o Filho de Deus. Parafraseando Mt
4.3, o inimigo disse: “se você é mesmo o Filho de Deus, use o seu poder, transforme essas pedras em pães e sacie sua fome”. Satanás tentou suscitar insegurança e orgulho no coração de Jesus. “Será que sou mesmo
o Filho de Deus, o Messias que haveria de vir?”. “Vou mostrar para esse atrevido quem realmente sou e o
que posso fazer”. Além disso, o diabo também intentou fazer com que Jesus focasse suas necessidades,
que agisse de modo independente de Deus, olhando mais para si do que para a vontade de seu Pai, o qual
já havia preparado para ele todos os cuidados necessários (cf. v.11). É a tentação da carne, da satisfação
imediata dos apetites. Não é assim conosco também?
Jesus não se permitiu cair na armadilha do tentador. Ele rebateu a provocação utilizando-se das Sagradas
Escrituras. Sua resposta tem início com a expressão “está escrito”, seguida de uma citação de um texto
do Antigo Testamento. Ele tomou “a espada do Espírito, que é a palavra de Deus” (Efésios 6.17), e contraatacou a investida de Satanás. “Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (v.4). A palavra de Deus era seu principal alimento, sua necessidade maior. Sendo assim, não precisava duvidar de quem era, pois seu Pai já o havia afirmado. Além disso, daria mais atenção à vontade de Deus do que às suas necessidades físicas momentâneas. Ele declarou que sua principal fonte de vida não era o alimento físico, mas, sim, o espiritual, o qual provinha de seu Pai. Usou a palavra, decidiu não
ceder e renunciar aos apetites, crendo que Deus já tinha preparado o melhor para ele.
Pergunta: Você costuma fazer o mesmo?
Na segunda tentação, Satanás, tirou Jesus do deserto, levando-o para a parte mais alta do templo de
Jerusalém. Duvidando mais uma vez de sua filiação divina e também utilizando a estratégia de citar as
Sagradas Escrituras (talvez com o intuito de dar mais crédito às suas palavras), o diabo desafia Jesus a
testar o cuidado paternal de Deus por sua vida, jogando-se do alto do templo. A confiança de Jesus na
proteção e cuidado do Pai é atacada. O tentador disse: “se você é mesmo o Filho de Deus, jogue-se daqui.
Afinal de contas, o seu Pai, se é que está interessado no seu bem-estar e é fiel à sua Palavra, mandará os
seus anjos te salvarem e cuidarem de você, de modo que você não se ferirá”. Mais uma vez o diabo tenta
semear dúvida e orgulho no coração de Jesus. “Será que o Pai vai me salvar? É claro que vai. Vou mostrar
pra esse insolente que sim”. É a tentação do mundo para agirmos como soberbos, dando lugar à glória e à
vaidade pessoais.
Jesus não se deixa enganar e repudia na mesma moeda (“também está escrito”), desmascarando, assim, a
aplicação incorreta que o tentador havia feito do texto bíblico. O cuidado do Pai por sua vida não precisava
ser provado. Não era necessário testar o Pai para saber que ele o amava como Filho e que era poderoso.
Finalmente, na terceira tentação, Satanás leva Jesus para um monte muito alto e mostra-lhe a glória dos
reinos do mundo. De posse desses reinos (o que lhe foi entregue por Adão no Jardim do Éden), ele os
oferece a Jesus em troca de adoração. Em sua última tentativa, o diabo não faz uma provocação, mas
oferece a Jesus uma facilidade e uma troca. Ele não precisaria morrer na cruz para readquirir a posse da
terra. Isso lhe seria entregue em troca de uma simples prostração e adoração. É a tentação do poder e de
ser igual a Deus.
Jesus rejeita a proposta e ordena que o tentador se retire. Citando mais uma vez as Escrituras, ele diz que
apenas o Senhor é digno de culto. Satanás se retira e o Pai dá ordem a seus anjos para servirem o Filho de
Deus em suas necessidades.
CONCLUSÃO
Que lições podemos extrair do episódio da tentação de Jesus?
1. Tentação não é pecado. Jesus foi tentado em tudo e nunca pecou, podendo, por isso, socorrer os que são tentados (Hb 2.18).
2. Não somos tentados acima das nossas forças (1Co 10.13) e somos tentados por nossas próprias cobiças (Tg 1.14,15).
3. Deus permite que sejamos tentados para que a nossa fé seja provada e, assim, cresçamos em força e maturidade (Tg 1.12).
4. O diabo se aproveita da situação em que nos encontramos e de possíveis brechas ou fraquezas para nos tentar. Se estivermos bem espiritualmente, ele nos incitará ao orgulho e à independência de Deus, ou nos levará a duvidar de quem Deus é, de quem somos nele e das bênçãos que dele temos recebido. Se estivermos em necessidade, ele atacará nesse ponto, nos incitando a focar os nossos problemas e a buscar nossas próprias soluções.
5. Para vencermos as tentações, devemos estar cheios do Espírito Santo e de posse da Palavra de Deus (que é a espada do Espírito, cf. Ef 6.17), usando-a com autoridade e como a verdade final sobre qualquer situação.
6. Devemos assumir uma atitude de permanente vigilância e oração (cf. Mt 26.41; Mc 14.38; Lc 22.40,46)
e firmarmo-nos na escolha e no propósito de sermos vencedores em todas as tentações para a glória de Deus e para nosso próprio bem e crescimento.
Fonte: Lições avulsas // Igreja Batista Central de Belo Horizonte